A Matriz Tetradimensional da Cana de açúcar: o 4° Eixo como a “cereja do bolo” no MANEJO das altas produtividades de campo.
Por: José Cristóvão Momesso – MSc.
Consultor nexialista da grande lavoura canavieira.
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- Introdução.
Por décadas, o setor canavieiro perseguiu a estabilidade da produtividade como quem persegue o horizonte. Avançamos com novas variedades, controle de pragas, mecanização. Mas desde a intensificação da mecanização as produtividades não evoluíram.
Mesmo com tanto progresso, pesquisa, desenvolvimento e novas tecnologias, a produtividade média nacional ainda engatinha diante do potencial real da cana de açucar. Andamos “de lado” nos últimos anos, no quesito PRODUTIVIDADE, ficando a mercê do clima como “muleta” para lamentações e pouca ação.
A MATRIZ DO 3º EIXOS: a virada do jogo no manejo de colheita.
A Matriz do Terceiro Eixo foi desenvolvida pelo IAC‑APTA, coordenados por Marcos Guimarães de Andrade Landell e equipe, do PROGRAMA DE MELHORAMENTO DE CANA – IAC, (https://www.linkedin.com/posts/revista-opini%C3%B5es_como-atingir-e-manter-a-produtividade-acima-activity-7358165668577402880-3SXY?utm_source=share&utm_medium=member_desktop&rcm=ACoAAAU-oecBTMXY9Aq58dDVUkldx14zWUOgp8M) como estratégia para reduzir a exposição da cana-de-açúcar ao déficit hídrico, organizando a colheita por idade do canavial em vez de, somente pela maturação genética da planta.
Preconiza também, a antecipação da colheita dos primeiros cortes, tirando o canavial das épocas mais críticas de falta de água, além de propor que os cortes subsequentes sejam efetuados sempre com, pelo menos um mês adicional na idade.
Na prática, colhe-se primeiro a cana mais jovem no início da safra e deixa-se as plantas mais antigas para o final.
Estudos mostram que isso resulta em ganhos de produtividade da ordem de 7 a 10 t/ha ou até cerca de 30% de aumento médio.
Há que se considerar que o conceito 3º EIXO na concepção com que foi estruturado sofreu adaptações, pelas empresas e produtores, mas vem mantendo suas premissas fundamentais. Essa técnica tem contribuído de forma efetiva para ganhos de produtividade via redução do déficit hídrico, no ciclo anual da cultura, através da otimização do sistema radicular, que ano a ano vai ficando mais volumoso, corte após corte (Vasconcelos, 2002).
Esse manejo permite, segundo o conceito do 3º eixo, reduzir o déficit hídrico ao longo de um ciclo de produção na ordem de 100 mm. Esses estudos foram referendados por uma extensa rede de experimentos conduzida pelo programa Cana IAC.
IMPORTANTE:
Essa MATRIZ ESTRATÉGICA DO 3° EIXO está sendo uma revolução silenciosa que reorganizou a lógica da colheita e entregou saltos consistentes de rendimento.
Mas... e se ainda houvesse mais? E se antes mesmo de investir milhões em irrigação, houvesse um ajuste de base, capaz de turbinar o aproveitamento hídrico natural e alavancar todo o sistema radicular da planta, desde o plantio?
É aí que entra o 4° Eixo. Proposta conceitual (Momesso, J. C., 2025) embasada em experiência prática, com dados reais de aumento da produtividade obtidos em campo, na GRANDE LAVOURA CANAVIEIRA.
- O 4° Eixo: “A Cereja do Bolo.”
*CONCEITO:
Chamamos de 4° Eixo a junção entre preparo de solo profundo (canteirização após destruição mecânica das soqueiras) e a incorporação estratégica de corretivos e nutrientes essenciais como cálcio, magnésio, enxofre, fósforo, potássio, matéria orgânica e outros, momentos antes do plantio. Esse conceito é adaptável às diversas situações porém com premissas fundamentadas na prática observada e executada, com resultados de campo. (* CONCEITO GERAL, composto de diversos protocolos e de boas práticas agrícolas. Para maiores informações entre em contato com o autor).
O uso de matéria orgânica adicional no sulco de plantio, além de plantas de cobertura tornariam o sistema ainda mais completo, coroando o sistema, verdadeiramente com características de manejo REGENERATIVO.
Não é apenas revolver o solo (arar, subsolar, gradear, escarificar, etc). É dar condições para fundar uma FÁBRICA DE RAÍZES, onde a planta possa explorar perfis mais profundos, acessar mais água e encontrar NUTRIÇÃO e fertilidade real, não apenas superficial. O que lhe permite, realmente FORMAR RAÍZES EM ABUNDÂNCIA.
Vejam os dados de um dos trabalhos disponíveis na literatura, onde comparou-se preparo convencional com profundo, utilizando-se diferentes doses de calcário.
O efeito da correção em sub superfície aliada a preparo profundo é refletido no volume de raízes em profundidade, no perfil do solo. (Figura 1).